quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Visitação e bênção às casas - uma experiência missionária

Jesus Cristo enviou seus discípulos missionários a visitarem as casas.  Ao entrarem na casa, façam a saudação. Se a casa for digna, desça sobre ela a paz de vocês, se a ela não for digna, que a paz volte para vocês (Mt 10,12-13). É interessante observar que nesta recomendação de Jesus, a visita aparece associada ao dom da paz.
Um pequeno grupo missionário, iniciou em 2003, uma experiência de visitação e bênção de casas, que apresentamos como possível contribuição à Missão Continental que nos pede o Documento de Aparecida.
O grupo de missionários era formado pelo padre, zeladores de capelinhas, seminaristas e outros agentes de pastoral. Iam de duas a quatro pessoas às casas, sendo que as famílias eram consultadas anteriormente se gostariam de receber os missionários. Não só católicos, mas pessoas de outras crenças faziam questão de receber os missionários de Jesus. Ao chegarem, faziam uma saudação inicial e uma conversa informal. Após, o convite para a bênção e, por fim, a despedida.
Ao verem a equipe chegando, era comum pedirem “desculpa” porque a casa era pequena, pobre ou porque não estava bem limpa. Um momento forte, em que a realidade vinha à tona, era nas preces espontâneas. Aparecia a situação da doença e o pedido por saúde, pela família, pelos filhos, para se livrarem das drogas e terem um bom trabalho, às vezes, um pedido para bom estudo.
Pode-se dizer que eram muitos os sentimentos resultantes dessa experiência, dos quais citamos dois. Primeiro, o desejo de fuga. Não é fácil ir de casa em casa, no final da tarde, quando se sente um forte cansaço. Para fugir, criam-se justificativas... A primeira batalha é vencer o próprio comodismo. Outro sentimento é o da realização missionária e no caso do padre, da realização presbiteral. No final do dia, mesmo cansado, poder dizer, hoje vivi minha vocação, traz alegria.
Em relação aos resultados da obra missionária, podemos afirmar que há alguns que fogem desta análise. Foram muitas as pessoas, por exemplo, que disseram: “depois da bênção, as relações familiares melhoraram muito”, “meu filho conseguiu um emprego” e “eu fiquei melhor de saúde”. Talvez estas experiências foram semelhantes as que muitas pessoas fizeram quando Jesus passou pelo mundo fazendo o bem (Mc 7,37). O certo é que quase todas as pessoas ficavam muito gratas pela visita e expressavam isso de muitas maneiras, colaborando para criar na paróquia um clima de bem querer porque naquele lugar há uma Igreja-viva que leva a paz!
Durante a visitação descobrimos pessoas que poderiam participar na comunidade. Algumas lideranças do passado e outras novas, de fato, envolveram-se na Pastoral Litúrgica, Catequética e outras, bem como, nos serviços voluntários – tão necessários numa Igreja pobre e de periferia. Aumentou também a participação nas missas. Não só a visita e a bênção das casas fizeram aumentar a participação, mas a articulação com outras atividades realizadas pelas pastorais, especialmente a da Comunicação, a Catequese e a Liturgia. Crianças e adolescentes se envolveram cada vez mais nas missas e em atividades comunitárias. Esta unidade eclesial traz muita alegria à comunidade.
Visitar é levar a paz e romper os muros que separam e criam distância. Visitar é sair de si, ir ao encontro do outro, justamente quando estamos envoltos pela ideologia do individualismo. É ir desarmado quando a sociedade competitiva e violenta afirma que a pessoa desconhecida é perigosa. É criar relação, rompendo o isolamento. Visitar é fazer êxodo, buscar a terra com leite e mel. É caminhar pelo deserto, construindo a historia. É saber ouvir, dar o melhor de si, para que possamos crescer como humanidade.
A visita realiza-se na total gratuidade e, nisso está seu grande valor. Não se faz a missão primeiramente para “encher a Igreja”, nem para “concorrer com as outras Igrejas”, pois estaríamos novamente na lógica que “coisifica” as pessoas. Fizemos a missão na gratuidade de quem optou pelo Reino e sua justiça e, o restante, Deus dará em acréscimo (Mt 6,33).
Quando Maria visitou Isabel, João Batista, ainda no ventre, pulou de alegria ao receber a visita de Jesus por meio da missionária Maria. Os missionários da Paróquia São Judas Tadeu, na sua simplicidade e pequenez, levam Jesus. Ele é o próprio Deus visitando o seu povo, é o Bom Pastor indicando o caminho do amor e da paz! Ele é a Visita e a Bênção!

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